31 dezembro 2008

Ce bateau est mon âme. Cette rivière... ma vie.

Este barco é a minha alma. Este rio a minha vida. 

Em mim há um caminho, este rio. Em mim há uma vida, a sua corrente. Entre marés altas e baixas, entre chuvas e tempestades guardo-me comigo. Com a minha alma... Este barco é a minha alma.

Enquanto houver tempo vou descendo. Vou apreciando a paisagem, sem ancorar, sem me prender. Procuro a beleza, a harmonia, a saúde na margem que passa e pergunto ao meu barco se algum dia a vou encontrar. Ele não me responde. Mas acho que nunca saberei... se não ancorar.

Imagem: Monet – The Studio Boat  series

30 dezembro 2008

Piano como tinta... Silêncio como folha... – The Köln concert

Escreve em som na folha do ar. Basta "ler" com atenção.

Um concerto totalmente improvisado dado numa noite atribulada e ainda por cima... com o piano "errado".

23 dezembro 2008

...waiting...

Desejos, imaginações futuras, egoísmos, limitações, batalhas, desilusões, aparentes vitórias. Vou sentar-me e esperar que passem. Até sempre!...

11 dezembro 2008

Who am I, ou quem sou eu?

Por mera curiosidade, ou não, acabo por chegar sempre a uma questão teima em não se desprender da razão. Quem sou eu? Olhando seriamente ao espelho, ao espelho social também, pergunto-me quem sou eu? Dispo-me, de preconceitos também e... Quem sou eu? E é despido, nu de tudo e vestido de mim que encontro... Quem sou eu? Eu sou este corpo, estas mãos que escrevem. Tenho uma história, o meu passado, guardado em memória, que se projecta presentemente num futuro. Eu não sou o que quero ser, sendo que o que eu quero ser não é mais que uma ideia criada pelo passado de onde vim e eu não sou só ideias. Veja-se isto, observe-se.  Um corpo que tem, conta, uma história, que sente presentemente e deseja um futuro em segurança. Só isso. Não há espelho que mostre mais, que permita ver qualquer transcendência, qualquer missão ou sentido de vida. E é este ser, em conflito pelo facto do desejo do futuro em segurança se confrontar no presente com a realidade, gerando o conflito, que escreve neste momento. Mas será este conflito só meu? Será que amanhã o meu dia vai correr bem? Será que o meu patrão estará bem disposto? Será que amanhã... Isto é conflito. Sinta-se o conflito. A insegurança é conflito e o conflito deseja a sua resolução e... É o conflito do presente... que provoca a projecção da solução no futuro... e cuja decisão traça um caminho... que será passado após percorrido... que fará parte da minha história e que fará com que a realidade do ser seja o presente, com uma história para contar num corpo que se vê ao espelho... e que pergunta... Quem sou eu?
Imagem: Auto-retrato – Pablo Picasso

09 dezembro 2008

espelho meu...

Aproxime-se o obecto do olho humano. Aproxime-se tão perto que mais não pode ser. A visão inicialmente lúcida passa para o gigante, até que este se desfoca em proximidade. O olho não permite ver o objecto quando este se encontra demasiado perto. Como poderá então ver a alma cuja distância é nula perante o olho? Através do espelho. Mas o que é o espelho? Não é mais do que os tantos semelhantes que nos circundam e cuja matéria é a mesma, esquematizada no raciocinio por lógicas próprias. 

Estar atento ao outro é estar atento a mim mesmo. Eu diria que é a única forma de ver quem sou, através dos outros. É reconhcer-me em ti. Feito isto, de que te posso eu culpar, que não encontre eu a tua culpa em mim? Que elogio te farei que não me tenha já elogiado a mim? Já agora, diz-me tu, espelho meu, haverá alguém mais eu do que eu?

Imagem: Mulher frente ao espelho – Pablo Picasso

08 dezembro 2008

Terrorismo da alma...

Parece-me a mim que hoje em dia muito se fala de crise. A crise económica, a crise do desemprego, a crise do petróleo, a crise deste ou daquele sector em particular... Mas julgo que a maior crise, a crise que impede todas as outras de serem ultrapassadas e eventualmente até resolvidas, é a crise de boa-fé. É preciso estar sensível e sobretudo atento, para perceber de que forma a má-fé corrói todos os sectores sem excepção. A má fé dirige-se de homem para homem e por isso o seu poder anulador é universalmente humano. É preciso estar atento para perceber como na era da comunicação, da internet, do telefone móvel, das comunicações gratuitas o Homem se fecha mais para si mesmo. A má-fé é o terrorismo da alma dos homens. Nunca se sabe quando vai atacar e por isso tem de se estar sempre alerta e nenhum passo pode ser dado sem os devidos cuidados. Tudo tem de ser ponderado. Tudo tem de ser verificado em segurança. Se a má-fé é uma ameaça constante, como pode a necessidade de segurança do cérebro humano diminuir? A forma natural do cérbro se proteger é criando barreiras. Isso pode ser observado em qualquer local. Vejam-se os castelos, as fortalezas, os condomínios privados... Se o Eu cria barreiras, como pode estar aberto ao mundo? Como pode ter a noção real do que se passa em solidão? Em medo, em busca constante de segurança e temendo o ataque, o Homem assim vive evitando o inimigo invisível e insensível que pode estar em toda a parte onde está um Homem. É o terrorismo da alma...

07 dezembro 2008

A punch in my jawb

Nos dias de hoje muitos são os chamados preguiçosos. Mas o Homem sustenta a sua segurança na integridade do seu EGO. Trabalho sempre significou ser mandado, excepto para um numero muito reduzido de pessoas, os patrões. Mandar é anular a vontade do outro. É esmagar o EGO do outro. Quantas pessoas se conhecem que gostem deliberadamente de ver a sua vontade anulada? Não falemos para já se todos tem capacidade para exercer a sua vontade. Vejamos só que de um ponto de vista primário que face ao anular da vontade e fazer as vontades dos outros, qualquer um deseja não ver a sua vontade anulada. É este o problema do emprego. O fazer, não por querer, mas porque se tem de se sobreviver. Encontrado esse caminho a tudo se permite em troco da sobrevivência. A tudo... Se existe a hipótese de garantir a sobrevivência sem anulação da vontade é claro que essa é a escolha natural.  Parece-me a mim que a sustentabilidade do emprego dos dias de hoje não está em fazer o Homem trabalhar pela sobrevivência, mas sim pelo desenvolvimento do seu próprio talento atingindo a realização pessoal e esta traz uma segurança muito mais abrangente e duradoura que o trabalho pela sobrevivência e anulação pessoal não permite. Não falo de uma utopia. Falo de uma realidade que temos de ponderar...

Imagem: Filme Les Temps modernes — Charlie Chaplin

04 dezembro 2008

l'EGO

Parece-me a mim que a quantidade de gestores e falsos líderes dos nossos dias se deve a uma profunda incapacidade de receber uma ordem, ou directiva, pela desconfortável sensação que esta lhe provoca no EGO.
O EGO é a projecção no futuro do EU em segurança. Algures nas suas vidas tiveram de optar entre mandar ou serem mandados. Face à sua incapacidade, tomaram a primeira como escolha para que ninguém acima de si podesse sensibilizar o incapacitado EGO. Mas liderar, é ver de cima, é formular, é decidir e realizar... através de outros, em conjunto com eles. Problemas de EGO levam à unidireccionalidade da comunicação entre o líder e a organização. A directiva flui do lider para o liderado, mas o fraco EGO do liderado filtra e elimina qualquer informação desfavorável que advenha do liderado e eventualmente até o liderado. Não permite assim a sua recepção que lhe daria a percepção correcta e real do estado da organização. Desta forma, é como se o sangue do corpo só corresse num sentido, não há retorno e o corpo acaba por morrer sufocado. Por sua vez os liderados sentem-se desrespeitados e o seu prórprio EGO activa as defesas, criando cisão na organização, fragilizando-a. Esta fragilidade não é aceite uma vez que é uma informação desfavorável ao EGO do líder que em fraqueza culpa a organização. Esta, por sua vez, defende-se. Em estado febril de combate interno o corpo extingue-se por si só como se de uma doença se tratasse. As peças do LEGO estão soltas... faute de l'EGO.

03 dezembro 2008

a galeria social...

As pessoas que estão à minha volta são a minha galeria. Cada um com o seu pormenor pessoal, cada um com a sua expressão própria, a sua maneira de vestir, de andar, de falar... É esta a galeria que visito diariamente. Dependente da qualidade das obras expostas assim é o meu estado espírito.

01 dezembro 2008

THEre'S INTEGRATION...

There's integration foi o título que atribuí a mais este excelente trabalho de David Ho. No fim do dia de hoje algo me levou a escolher esta foto. Mais do que expressiva, esta foto é um retrato do que considero ser, a outro nível, o que se passa com o nosso cérebro. Quero aproveitar esta foto para tornar tão evidente como o é para mim a desintegração actual.  O cérebro cria uma imagem do bem e do mal muito cedo. Associado ao bem está o valor, associado ao mal está o desvalor, o que não deve ser feito, o que causa culpa quando permance. Parece-me a mim que este é o século do mal. Após a prosperidade de outros tempos, o cidadão actual vê-se confrontado nos tempos de hoje entre manter o seu nível de vida e fazer o que não deve ser feito pelo insustentável prejuízo do outro. Sem ferramentas psicológicas para permanecer com as dificuldade de não ter o que sempre foi habituado, o cérebro escolhe fazer o que acredita que não deve mesmo assim. A consequência é viver com o facto de ter feito o que sente que não devia. A pessoa proporciona a si mesma a escolha de estar onde nunca desejou pela ambição de vir a estar onde deseja está... e agora tem de viver com isso. Com essa vivência existe conflito, dor, um estado não desejado. No presente tem de se viver com isso e a esse estar a personalidade tem de responder de alguma forma. Ou vive com a consciência de que não se fez bem, transportando um peso que se perpetua no futuro causando dor, ou despenaliza essa vivência sendo que esse é o precedente para uma nova experiêica do mesmo género. No século da moeda, do petróleo, do valor... material. Que valor terá manter a ideia do bem, do que deve ser feito, que se tinha antes? Não havendo um valor real para a pessoa, para a personalidade se manter de acordo com os valores humanos que gerou, ocorre sobre a imagem que se tem de si em integração social um processo: THEre'S INTEGRATION.
Imagem: letinggo – David Ho, www.davidho.com

trois femmes..

Trois femmes é o título deste quadro do Mestre. Porquê trois femmes?, três mulheres? Lembro-me da minha primeira namorada e de todas as ideias que construí em seu redor. Era uma amiga. Estava lá. Desejava a sua presença e este desejo levou-me à realização de actos que nunca imaginei ser capaz, quer pela loucura que representavam, quer pela energia que consumiam. Até hoje prezo a sua amizade... Mas o desejo esteve sempre presente por ela e por outras... mulheres que passavam sem deixar rasto, em que eu era o seu próprio rasto que existia sob a forma de memória. Em noites solitárias estas mulheres tornam-se amantes, boas amantes e a sua companhia afoga qualquer solidão, a sua voz o silêncio. Toca a presença que já não é presente e o tempo tudo leva, inclusivamente o lume em que arde a paixão, em que se desvanece o calor da memória de uma amante. Em tudo de bom e mau que é causado pela mulher tudo se torna passageiro, superficial, efémero, chega então o vazio onde só aquecem os braços de mullher, de uma mãe. E a mãe neste ciclo se perpetua. A mãe que é para mim, terá os meus filhos, a amiga que escuta, a amante que faz arder em desejo... Três mulheres, uma só... tela. Trois femmes...
Imagem: Trois femmes – Pablo Picasso

I close my eyes and... My world is 1000 times more interesting.

looking inward – David Ho http://www.davidho.com

Vitória is all your fault.

A procura da vitória é a origem de todas as guerras. No caminho da paz não se encontram vitórias. Durante séculos e milénios o Homem procurou o satisfazer da sua necessidade de segurança na vitória sobre o problema que o perturba. Mas a segurança de uma vitória é tão efémera como o momento do término do combate. Um novo se avizinha para que de novo a vitória se conquiste...

O Homem não encontra paz porque o Homem não procura paz. O Homem procura vitória... Vitória is all your fault.

Imagem: Guernica – Pablo Picasso